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A Vanguarda, o Oportunismo e o Sistema semi-colonial, por Carlos, 12/01/2023

Atualizado: 19 de jan. de 2023


Ser a vanguarda do povo, da classe explorada e escravizada, é uma grande responsabilidade. Talvez uma das maiores missões históricas que a humanidade exigiu até os dias de hoje. No Brasil, este país semicolonial que é tido pelos humanistas e democratas de todo mundo como referência nas lutas populares, essa responsabilidade é dobrada. Sendo assim, sabe-se ao capitão no navio em meio a tempestade, exige-se que tenha parcimônia, calma, na medida certa, e sobriedade ao analisar as condições e contradições da realidade.


É preciso notar esse fato contemporâneo: os regimes burgueses, sejam eles “democráticos” ou não, para entrarem em estado de exceção, não precisam (ou não podem contar) mais apenas de um líder carismático, um caudilho. Doravante, será necessário, também, que todo arranjo do “Estado democrático de direito” esteja mobilizado para esse empreendimento - é o chamado ‘fascismo de novo tipo’. Às vezes será necessário um golpe de estado à moda antiga, com o exército burguês à frente, às vezes um golpe palaciano, mas, o Executivo figurará como líder desse processo e será necessário dar ‘ares’ de democracia.


O oportunismo petista, que agora vive seu momento mais enérgico e pungente, criou o otimismo falso de que vencer o pleito da farsa eleitoral é o suficiente para fazer recuar todas as forças reacionárias deste país de volta ao bueiro de onde saíram. Mas, como diz o jargão, o ovo dessa serpente já se rachou. As Forças Armadas (FFAA) já tutelam o “regime democrático” e agora encurralam o novo governo permitindo a bizarra invasão ao Planalto, com conivência das forças de segurança, bem como até mesmo do governador e com financiamento da grande burguesia. Nenhum projeto de governo petista tem condições - e nunca teve tal pretensão - de se colocar como força material real de oposição à essa iminente reacionarização do velho Estado brasileiro.


Acreditar que Alexandre de Moraes e a Polícia Federal são os “guardiões da democracia” e colocá-los como salvadores da pátria, confiando neles o poder de julgar o que é “terrorismo”, o que é “vandalismo” e agir arbitrariamente no sentido de censurar e prender quem se encaixe nessa abstração, é, como se diz no dialeto popular, um tiro no pé, é cavar o próprio sepulcro, com mãos sujas de um suposto "partido dos trabalhadores”, com a artificialidade de uma cor vermelha que se esvai na primeira chuva da tormenta.


Este modo de operar, isto é, o STF atuando como grande protagonista da “defesa da democracia” é um ensaio de como o velho Estado latifundiário reagirá em uma eventual revolta popular justa - e não uma intentona fascista como foi a bolsonarada. Com toda certeza, tais modos serão usados contra os movimentos democráticos e combativos do povo.


Ainda que pareça que o STF está sendo acuado nesse jogo de forças, precisamos lembrar da lição dos maiores filósofos da nossa classe: ser radical é ir na essência das coisas e se aparência e essência coincidissem, nenhuma ciência seria necessária.


O STF ainda é a espinha dorsal do capitalismo semicolonial brasileiro e, mesmo os golpistas, não querem o fim do STF, mas substituir seus representantes - que hoje se colocam contra o golpismo bolsonarista, mas, podem muito bem amanhã estarem a favor de qualquer golpismo que seja. É bom lembrar que à época da ditadura militar fascista de 64, o judiciário permaneceu operante, ainda que no Ato Institucional nº 5 (AI-5) o exército tenha fechado o Congresso Nacional.


A única força real de combate ao fascismo é a força das Massas, guiadas pela ideologia de nova democracia e não este lamaçal da falsa democracia burguesa e suas diferentes siglas supostamente representantes do povo.


É vital que as forças realmente democráticas e humanistas desse país não se contaminem pela degenerescência intelectual e moral do oportunismo de classe, que têm sua expressão máxima na figura do lulo-petismo. Que saibam que sua missão histórica exige que não se deixem levar pela emoção irracional da conciliação de classe e de que esta é a morte, tanto para este projeto de vanguarda, quanto para o próprio povo. Não nos deixemos levar pelo desespero da tripulação, olhemos o horizonte como quem têm certeza do amanhecer e não se deixa duvidar nem por um segundo da vitória.




Carlos 12/1/23.



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