No último sábado, dia 08/10, foi realizado pelo Comitê de Apoio ao AND - São Paulo, no sindicato dos jornalistas profissionais, Centro da capital paulista, um evento político-cultural para comemorar os 20 anos de fundação do jornal A Nova Democracia.
O público materialmente presente era composto por pessoas das mais variadas camadas da população, englobando jovens estudantes, trabalhadores, crianças e idosos. O clima de fraternidade gerava uma atmosfera de acolhimento entre os presentes e era possível vislumbrar que todos ali carregavam um espírito democrático-revolucionário. Hasteada entre dois pilares da sala a maior bandeira presente clamava uma palavra de ordem que a cada dia adquire mais importância, tendo em vista os cercamentos sucessivos que os espaços democráticos vêm sofrendo diante do aprofundamento da crise geral do capitalismo e a intensificação da repressão burguesa-estatal, paramilitar e civil-fascistas, tanto em nossas terras como pelo mundo afora:
O evento se iniciou com a execução do Hino da Internacional por dois instrumentos, trompete e piano, que foram acompanhados pela voz do público. A seguir, as luzes foram apagadas e foi colocado em um telão um material audiovisual que contou de forma simplificada, pois vinte anos de luta não poderiam estar condensados nem em uma película de 20 horas de duração nem de 20 dias, os caminhos trilhados desde a fundação do Jornal. As imagens que acompanhavam os dizeres de uma voz feminina pareciam inspiradas em um tipo de surrealismo que só poderia ser produzido por aqui, representando os mais variados sujeitos do nosso país em diferentes cenários que compõe este imenso território: operários e operárias nos centros urbanos, trabalhadores e trabalhadoras rurais em suas pequenas propriedades, camponeses pobres diante dos gigantescos latifúndios, pequenos comerciantes em seu duro cotidiano, trabalhadores liberais, desempregados, compunham e evocavam um mundo de oniricidade, esperança, conflito, melancolia, alegria, vigor e degradação, ódio de classe. Tais quadros sintetizaram e tornaram sensíveis de maneira contundente e inspiradora a realidade subjetiva e objetiva do nosso povo. Fundado em 2002 pelo jornalista Fausto Arruda, ano em que o Partido dos Trabalhadores assumia pela primeira vez o executivo brasileiro, o Jornal aparece como um instrumento de denúncia das injustiças sobre as quais nossa população enfrenta em todos os rincões do País e também como meio de desmascarar aqueles que, naquela altura, diziam estar representando o povo brasileiro. Desde então, sob duras penas de quem de fato ousa enfrentar os instrumentos de repressão da nossa cruel burguesia, o Jornal foi se espalhando pelo território e gerando identificação de todos aqueles que entraram em contato e que sofrem com este sistema exploração do trabalho humano e da natureza. A película evocou diversas batalhas, tanto em solo brasileiro como nos quatro cantos do mundo - pois: a Luta é também Mundial. Foram denunciados Genocidas gerentes dos Países Centrais capitalistas como Jorg W. Bush e Biden e suas carnificinas no Oriente Médio, América do Sul, África, Ásia e Oceania. A batalhas travadas por indígenas, camponeses nos cantos mais profundos do país também foram citadas, assim como a eclosão das Luta de Junho de 2013, confirmando o caráter de Nova Democracia do Jornal. Há 20 está sendo criado um vigoroso, vasto e ramificado vaso comunicante da Revolução De Nova Democracia Brasileira.
Seguindo o evento, foi realizada uma fala do diretor-geral provisório do Jornal sobre as situações mundial e nacional da luta de classes e suas expressões econômicas, políticas e culturais em cada nível. No plano mundial, o diretor nos lembrou que o capitalismo sempre está em crise e, citando o camarada Stálin, afirmou que a recessão que vivemos já se arrasta há vários anos, mas que, nos últimos três, abriu-se uma nova Situação Mundial em que o Imperialismo, principalmente norte-americano, iniciou uma intensificação da ofensiva diante dos países oprimidos, ao lado das crises que se desenrolam também em seus respectivos solos. Como resposta inevitável a este processo, as massas mundiais têm se sublevado em praticamente todos os países do Globo, ainda que muitas dessas ondas não possuam uma direção revolucionária. Disse que provavelmente o ano de 2023 será um período de acirramento exponencial da Crise Mundial. No plano nacional, nos disse e forneceu novos ângulos de perspectiva acerca do movimento realizado pelo Partido Fardado e sua tentativa - através do golpe militar-preventivo de 2016 - de impedir qualquer movimento que tente contrapor e romper com a lógica dominante da "grande burguesia burocrática, compradora e o latifúndio", em suas palavras. Nos lembrou também como esse movimento talvez não esteja em contradição antagônica com a eventual volta do ex-presidente Lula ao comando do Estado Burguês-Latifundiário e que existe a possibilidade do PT governar, ainda mais como já o fez no passado, em uma aproximação cada vez maior com generais do Alto Comando.
Uma dedução possível parece ser que Lula poderá ser descartado a qualquer instante pela burguesia, Latifúndio e Oficialatos.
Nesta altura, representantes de Movimentos Democrático-Populares foram chamados para expor os exemplos concretos das lutas nessa situação de intensificação de todas as contradições do seio da sociedade: eram Companheiros ligados à luta estudantil e secundarista de São Paulo, da Luta por Moradia de Carapicuíba e de Santos, do Movimento Feminino Popular, da Unidade Vermelha que relataram suas batalhas demonstrando concretamente a validade científica de várias afirmações anteriormente expostas pelo diretor-geral provisório de que o momento atual, mais do que nunca, é de intensificação de todas as contradições desta luta entre o Velho e o Novo Mundo. Nas intervenções dos lutadores do povo foram também sendo exemplificadas em suas particularidades e movimentos saberes universais que circulam em diversos lugares e que sempre cabe aqui reafirmar: Os Elementos do Velho-Estado sempre atuam em contraposição aos interesses do povo pois são comitês altamente centralizados e seus tentáculos existem unicamente para atender e realizar os interesses das classes dominantes. Casos gravíssimos de violência contra pessoas em situação de extrema vulnerabilidade foram relatados, de luta direta e antagônica com setores de Prefeituras, do Governo do Estado e Nacional confirmando a tese maoísta que o caminho de transformação revolucionária da realidade passa pela criação de um Novo Tipo de Democracia fundada no poder soberano do povo através das Assembleias Populares. A Liga dos Camponeses Pobres não pôde estar presente, porém uma carta foi enviada em apoio ao Jornal em que a justeza, disposição e coragem de seus membros foram enaltecidas, afinal, são poucos os grandes espaços jornalísticos que apoiam e participam de lutas tão aguerridas com é a Luta pela Revolução Agrária Brasileira. Uma sucinta análise da situação nacional e mundial também foi apresentada na Carta da Liga.
Um intervalo foi anunciado para o que presentes pudessem realizar uma refeição conjunta. Foi oferecido café, leite, banana, bolachas, pães e outras frutas. Naquele momento de divisão daquilo que existe de mais fundamental e comum entre seres viventes, a comida, foram desatadas conversas nas quais os Democratas e Revolucionários fortaleceram seus laços de camaradagem. Os sorrisos eram predominantes neste momento do evento, talvez influenciados pela também inevitável certeza de que diante do comum estamos sempre no caminho da Vitória, ainda que para isso seja necessário falhar várias vezes.
Para finalizar, foram anunciadas as intervenções artísticas que contaram com um coral denominado “Canto Geral”, nome inspirado na obra de Geraldo Vandré que, segundo um dos companheiros, “produziu o que há de mais avançado neste campo da Arte Popular, apesar de Geraldo ter se tornado em sua vida particular um reacionário: A Obra está feita!”. Outros camaradas presentearam a realidade com suas expressões artísticas.
Vida longa e próspera, Imprensa Popular e Democrática!
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